sábado, 30 de abril de 2011

A vergonha dos médicos e o futuro da saúde no Brasil

Vejam de que forma esta sendo conduzida a classe médica. Em particular, abaixo está descrito novas orientações quanto ao salários dos médicos e comentários independente de um médico a respeito de tal episódio. Recebi este artigo de um colega meu oftalmologista, que prefiro não expor seu nome publicamente.
Sou médico há 10 anos, com 2 residências médicas: pediatria                         ( 2 anos) e dermatologia( 3 anos). Até começar a assumir como dermatologista, fiquei trabalhando em emergências, em cidades do interior, verdadeiros sub-empregos. Sem carteira assinada, sem décimo terceiro; se não pudia ir trabalhar, não recebia. Porque isto acontece?
A medicina é uma das mais antigas profissões, mas no Brasil ainda não está regulamentada. Há várias profissões que estão exercendo funções restritas mundialmentes aos médicos como dar diagnósticos de doenças, solicitar exames, preescrever medicamentos (duvidam? Vão ver o que estão fazendo nos postos de saúde), mas não é possível regular devido a falta de lei mais restrita para nossa classe. Há anos tramita no congresso/senado a lei 29 que iria sanar esta falha, mas não sai do lugar devidos os lobbys das outras categorias. Interessante, não é? 
Estou triste. Quem deseja se tornar um médico, sabe que irá enfrentrar verdadeiras maratonas de estudo para TODA vida. Não só para passar em uma prova e acabou. Bem, acontece que essa turma que tem toda a responsabilidade no mundo nas costas, sociedade cobrando milagres, exigindo ressarcimentos absurdos, sendo julgado por profissionais não-médicos (portanto, não sabendo avaliar a profundidade científica em questão) estão sendo tratados como gado, recebendo apenas pagamentos suficientes para sobreviver. 
Pergunto: pode se exigir o máximo necessário de um profissional deste no nosso país? Será que o médico deveria ser tratado com mais dignidade? Vou refazer a pergunta: desta forma que está sendo tratada a classe médica, o que se esperar de toda a saúde do país?

Vejam abaixo a íntegra o artigo que recebi:

FENAM divulga piso salarial dos médicos para 2011

É de R$ 9.188,22 o piso salarial dos médicos em 2011, para uma jornada de 20 horas semanais de trabalho. O valor, que passou a vigorar em primeiro de janeiro, é resultado da atualização monetária pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor - (INPC), do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos - (DIEESE), cujo índice acumulado em 2010 foi de 6,91%.

Prezados Colegas Médicos do Brasil
Tendo em vista o piso salarial da categoria, estabelecido legalmente pela entidade representativa máxima da categoria em território nacional, venho fazer um desabafo de um colega recem-egresso da residência médica e pedir-lhes uma breve reflexão:
- Se ninguém recebe o valor do PISO SALARIAL,  é porque alguém aceitou trabalhar por valor inferior ao mesmo
- Um Delegado de Polícia (Civil do DF ou Federal) tem salário inicial de 15.000,00 mensais
- Um Promotor de Justiça inicia a carreira ganhando 16.000,00 por mês
- Um Juiz de Direito não trabalha por menos de 20.000,00 de subsídio
Todos esses profissionais acima estudam obrigatoriamente 5 anos de faculdade de Direito, não são obrigados a fazer residência médica, e recebem gratuitamente carro, secretária, material de escritório, sala, água, luz e telefone para exercerem suas atividades. Muitos deles tem motorista e celular funcional gratuitos, além de inúmeros outros benefícios, como aposentadoria integral, tempo reduzido de contribuição, regalias quanto a plano de saúde institucional, moradia subsidiada, etc....
Por que será que todas essas categorias tem tanto ? Em uma única palavra: UNIÃO !!!
A Policia Civil do DF tem os maiores salários do País, entretanto faz greve ou ameaça de greve todos os anos, sempre na época da sua data-base. Curiosamente, seu salário (ou subsídio, como preferem alguns), é rejustado religiosamente todo ano. Não por acaso, a cada 4 anos, um delegado é eleito Deputado Federal, e o mesmo tem como compromisso inadiável defender o reajuste (ou ataulização) anual da remuneração de sua categoria.
Recebi recentemente algumas propostas RIDÍCULAS de trabalho, as quais quero citar aos nobres colegas:
1) Proposta A: Clínica de especialidades médicas, com faturamento via PJ, sobre os quais a empresa me repassaria 40% e ficaria com 60% (supostamente para cobrir custos operacionais, de faturamento, impostos, publicidade, água, luz, telefone, secretárias, material de consumo, etc....)
2) Proposta B: Clínica Ortopédica com nome já consolidado na cidade: ofereceu-me a quantia líquida de R$ 18,00 (isso mesmo DEZOITO REAIS) por paciente, argumentando que o outro ortopedista que trabalha lá marca um paciente a cada 5 minutos, ou seja 12 pacientes por hora, pois já conhece os casos e a maioria vai só para retorno, atestados e relatórios. Sugeriram-me ganhar no volume, atendendo 60 pacientes num período de 5 horas, o que me renderia 1080,00 por turno. Informei-lhes de que não sou tão competente quanto o colega, e que para poder realizar uma boa anamnese, exame físico completo, registro adequado no prontuário, prescrição, solicitação de exames e explicações ao paciente gasto no mínimo 20 minutos por consulta, sendo o ideal um paciente a cada meia hora, o que me permitiria atender no máximo 10 pacientes por 5 horas (ganharia penas 180,00 por turno). Agradeci a oferta. Na minha opnião o que certamente me renderia tal situação seria: 60 pacientes insatisfeitos, que sairiam de lá procurando outro profissional que pudessem ouvi-lo e trata-los com o mínimo de decência. Para ganhar 18,00 a consulta ou 36,00 a hora ganho mais em ficar estudando para prestar um melhor atendimento aos que tiverem a oportunidade de serem atendidos por mim.
3) Proposta C: Clínica pertencente a um Plano de Saúde: Ofereceram-me R$ 20,00 por consulta, com horário livre a minha escolha, número de pacientes conforme minha capacidade de atendimento. Apesar de um pouco melhor que a anterior, acredito ainda ser absurda. Para lavar meu carro pago 20,00 por semana a um senhor que não estudou nem a 4ª série, para cortar meu cabelo pago 30,00 uma vez por mês a um amigo que apesar de muito competente, tem agenda lotada e demora 20 minutos em seu serviço.  Um prato de comida em restaurante do shopping, ou um combo sanduíche + fritas + bebida + sobremesa custa mais que 20,00. Para ter passada uma trouxa de roupa de 5 dias ou para uma faxina semanal em minha casa, pago 50,00 ( ou duas consultas e meia). Sem querer menosprezar ninguem, mas nenhum deles tem uma vida, uma função ou um órgão sob sua responsabilidade. Não tem que responder perante um juiz caso seu serviço não fique a contento, muito menos deverão pagar indenizações financeiras por insatisfação do cliente.
4) Uma empresa de Medicina do Trabalho solicitou curriculum e pretensão salarial. Enviei o meu e disse que o valor a ser pago era no mínimo o do PISO SALARIAL da FENAM. Curiosamente ainda não me retornaram. E sinceramente, não espero que retornem.
Se nossos colegas médicos se unissem, assim como fizeram os pediatras recentemente em Brasília, e NÃO ACEITASSEM trabalhar por valores vis, estariamos certamente dando muito menos plantões noturnos e nos finais de semana, trabalharíamos menos em locais com condições precárias, seriamos muito menos desrespeitados por profissionais de outras categorias. Enfim, cabe somente a nós,  MÉDICOS, termos a UNIÃO necessária para podermos
Minha prosposta aos MÉDICOS DO BRASIL é de recusarmos QUALQUER OFERTA DE TRABALHO que não pague o PISO SALARIAL DA FENAM ou a tabela da CBHPM.
Isso equivale a R$ 9.188,22 por 20 horas semanais; ou R$18.376,44 para 40 horas semanais
Dividindo, tal valor corresponde aR$ 107,35/hora   ou seja : R$ 644,10 por turno de 6 horas; ou R$ 1288,20 por plantão de 12 horas
Considerando uma média de 2 consultas bem feitas por hora, daria R$53,68 por consulta, um valor mínimo condizente com a tabela CBHPM.
A princípio parece utópico, mas se esse email circular para todos os médicos do país e ninguem trabalhar por valor inferior, os empresários terão que aumentar os valores oferecidos, ou então terão que permitir que os próprios médicos faturem suas consultas diretamente, excluindo os intermediários ( que são quem realmente lucram com nosso trabalho).
Cabe ainda aos CRM´s e Sindicatos dos Médicos do Brasil fiscalizar a remuneração oferecida, não permitindo que tais valores incrivelmente reduzidos obriguem nossos colegas a ter que literalmente " tocar fichas" o que reduz o tempo de consulta, prejudica o exercício ético da medicina e aumenta a chance de erros por parte dos profissionais.

Cuidado...novos valores para saques noturnos!

Achei importante postar este artigo do Diário do Nordeste a respeito do novo limite de saque noturno. Por um lado, clientes insatisfeitos devido o limite de saque, até então de R$ 100; de outro, a tentativa de coibir assaltos relâmpagos, etc. Em suma, mais do que nunca: CUIDADO QUANDO TIVER QUE SACAR DINHEIRO NESTES CAIXAS ELETRÔNICOS...EVITE O MÁXIMO POSSÍVEL. "NÃO VALE A PENA SE ARRISCAR"...é o que diz todas as vítimas deste tipo de assalto.
Veja, abaixo, a íntegra desta matéria:

Treze anos depois de os bancos limitarem a R$ 100 os saques das 22 às 6 horas, por questões de segurança, o valor foi atualizado para R$ 300. E vem sendo adotado nas últimas semanas por várias instituições, mas não tem caráter obrigatório.

Santander, Banco do Brasil e Bradesco confirmam que elevaram o limite, seguindo orientação dada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) por circular - não se trata de uma obrigatoriedade. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, manteve o limite de R$ 100. Já o Itaú Unibanco não respondeu se ampliou o valor, alegando motivos de segurança.
Para especialistas ouvidos pela reportagem, a alteração poderá motivar mais ações criminosas. Procurada, a Polícia Militar não se manifestou.

O saque na madrugada é feito especialmente em caixas 24 horas disponíveis em supermercados e postos de gasolina. A maioria dos caixas eletrônicos das agências fica disponível só até o início da noite. Em São Paulo, o acesso é, em geral, até as 22 horas.

O limite de R$ 100 surgiu em 1998. Na época, o saque tinha valores diversos, dependendo da conta do cliente. Assaltos na saída de caixas eletrônicos e sequestros relâmpagos eram comuns. Em alguns casos, a vítima era dominada de dia e, após um primeiro saque, tinha de esperar até a noite para nova retirada.
Em nota, a Febraban afirmou que o aumento do limite para R$ 300 “é o primeiro desde que o procedimento foi criado e atende a solicitação de clientes bancários”.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

A falácia da carga tributária no Brasil

Achei muito oportuno este artigo publicado no Blog do Miro (postada originalmente no blog do Nassif) e aqui reproduzo-o integralmente:
 
A carga tributária e o PIB...aqui está a realidade, Liberal:

O Brasil teve, em 2009, a 22ª carga tributária no mundo. Dos países que tinham carga tributária maior que a nossa, 14 eram países desenvolvidos europeus.

O país mais rico do mundo, a Noruega, tinha carga tributária de 43,6% e arrecadou 25 mil dólares per capita. O Brasil tinha carga tributária de 38,4% e arrecadou 4 mil dólares PPC per capita.

Gostaria que os liberais mostrassem como fazer o milagre de se ter serviços de 25 mil dólares arrecadando 4 mil.

Tabelas.

Gostei porque ele trouxe estatísticas que provam uma coisa óbvia. A comparação entre cargas tributárias dos diferentes países, repetidas de maneira leviana pela mídia, apenas fazem sentido se cotejadas com o tamanho do PIB per capita. Enfatizo o "per capita", visto que os gastos mais importantes de um Estado são a previdência social e a saúde pública, cuja magnitude é atrelada naturalmente à população.

Se um país tem um PIB per capita alto, ele pode até se dar ao luxo de ter uma carga tributária menor, porque o total arrecadado é grande. O que nem é o caso, visto que as nações desenvolvidas, em geral tem uma carga tributária bem elevada.

Repete-se, por outro lado, que alguns países ricos tem carga tributária menor que a do Brasil, como os EUA. De fato, a carga tributária nos EUA é de 28%, contra 38,8% no Brasil. Entretanto, como os EUA tem um PIB monstruoso, tanto absoluto como per capita, essa carga corresponde a uma arrecadação per capita de 13 mil dólares. A do Brasil, é de 3,96 mil dólares... Ou seja, a expressão clichê sobre o Brasil ter impostos de norte da europa e serviços públicos de qualidade africana nunca me pareceu tão absurda e idiota.





Eu não sou a favor do aumento dos impostos. Tenho micro-empresa e estou sempre à beira de sucumbir sob o peso mastodôntico, complexo e kafkiano das taxas que desabam quase que diariamente sobre minha cabeça. Mas não podemos ver a questão com leviandade. A mídia patrocina uma campanha irresponsável contra o imposto no Brasil. Este deve ser simplificado, naturalmente, e porventura reduzido para empresas pequenas, mas devemos mostrar à sociedade a situação real. Não podemos nos comparar com nenhum país desenvolvido, porque o nosso PIB per capita ainda é baixo. Ainda temos que comer muito feijão com arroz.

Por outro lado, é igualmente injusto falar em "serviço público" africano, expressão que, além de ser politicamente incorreta, é também totalmente inexata. Temos uma previdência social quase universalizada. A saúde pública é abarrotada e sofre constrangimentos em vários setores, mas nosso sistema de vacinação é de primeiro mundo. O tratamento gratuito, inclusive com distribuição de remédios, que damos aos soropositivos, não encontra paralelo nem nos países mais avançados.

Não douremos a pílula, todavia. Ainda temos muito o que aprimorar em termos de serviço público, nas áreas de saúde, educação e infra-estrutura. Mas, por favor, sem a viralatice de nos compararmos às economias destruídas por longas guerras civis, nível de industrialização baixíssimo e desemprego às vezes superior à metade da população ativa.

O debate sobre a carga tributária tem que ser feito com muita seriedade, botando as cartas na mesa, evitando ao máximo o uso desses clichês desinformativos. Os impostos no Brasil são altos, pesam no bolso de empresários, classe média e no custo de vida dos trabalhadores. Mas em valores absolutos, o imposto é baixo, deixando pouca margem para o Estado gastar com serviços e infra-estrutura. O caminho, portanto, é investir no crescimento econômico e na racionalização cada vez maior do gasto público. Seria loucura, porém, promover uma redução brusca da carga tributária, que implicaria em jogar o valor do imposto per capita no Brasil ao lado das nações mais atrasadas do planeta. Ajamos com prudência e responsabilidade, sem jamais deixar de lado o bem estar do povo e a necessidade de oferecer serviços de qualidade à população, pois sem isso poderemos até nos tornarmos um país rico, mas seremos sempre uma sociedade triste e miserável.