Da água, o beijo da sede
Do fogo que saboreia o sertão
Há duas faces
Para a mesma união
Assim, o vento da palmeira
Como a noite da estrela
Enobrece a dádiva
De uma pastoral beleza
O ácido dos lábios do vulcão
O açúcar do ferrão da abelha
Consomem o julgo
Da natureza que se espelha
O voo das asas da vingança
Com o queimado aroma da solidão
Tranquiliza o rancor enquanto criança
E abala as vestes da razão
A veia do sangue anêmico
Soma-se ao ouvido ensurdecido
Que gela e abranda o zumbido
Da febre derradeira de um corpo banido
Como todas estas realidades
Eu sou metáfora
Assemelho-me com as beldades
Nômades desta diáspora
Limoeiro-CE, 16.10.99