Tu
Verter tuas lágrimas por pão
É bem mais eloquente
Que esforçar-te por um não
Uma negativa que jaz em tua mente
Tu não és mais aquela formosa
Nem mesmo já fora
Aceita esta face dolorosa
Até desmerecida é tua pele loura
Bom-dia não tens
Labor é tua rotina
Preza mais pelos teus bens
Ouro brilha em tua retina
Porca imunda te denominam
Ingrata tu és
Ódio e rancor te dominam
Denigre até a fé dos infiéis
Tu não tens salvação
Nem mesmo o sol que clameja
Por tua alma que perece em solidão
É injucundo a tua peleja
Tua força se esvai
Por dentre os dedos do tempo
Tu não cede e recai
No viés do teu tormento
Recife, 29.09.99