quarta-feira, 8 de novembro de 2017

100 anos da Revolução Russa

Quando vocês virem algumas pessoas comemorando os 100 anos da Revolução Russa e como ela foi “boa” pra classe trabalhadora, pensem nessa passagem deste livro:


“Uma das prioridades do regime na primavera de 1921 era a retomada da produção industrial que fora reduzida a um décimo da sua capacidade em 1913. Longe de diminuir a pressão sobre os operários, os bolcheviques mantiveram, ou mesmo reforçaram, a militarização do trabalho iniciada no decorrer dos anos precedentes. A condução política em 1921, após a adoção da NPE, na grande região industrial e mineira de Donbass - que produzia mais de 80% do carvão e do aço do país -, aparece, em vários aspectos, como reveladora dos métodos ditatoriais empregados pelos bolcheviques para que “os operários retornassem ao trabalho”. No fim de 1920, Piatakov, um dos principais dirigentes e próximo de Trotski, havia sido nomeado para a chefia da Direção Central da Indústria Carvoeira. Em um ano, ele conseguiu quintuplicar a produção de carvão, mas a custo de um política de exploração e de repressão da classe operária sem precedentes, que se baseava na militarização do trabalho dos 120 mil mineiros que realizavam esses serviços. Piatakov impôs uma disciplina rigorosa: toda ausência era qualificada como “ato de sabotagem” e sancionada com penas em campo de concentração, ou até mesmo com a pena de morte - 18 mineiros foram executados em 1921 por “para-sitismo agravado”. Para obter dos operários um aumento de produtividade, ele introduziu um aumento das horas de trabalho (através, principalmente, do trabalho aos domingos) e generalizou a “chantagem com o cartão de racionamento”. Todas essas medidas foram tomadas no momento em que os operários recebiam, à guisa de todo pagamento, entre um terço e a metade de todo o pão necessário a sua sobrevivência; além do mais, eles ainda eram obrigados, no final de sua jornada de trabalho, a emprestar o único par de sapatos aos camaradas que assumiam seus postos. Como reconhecia a Direção da Indústria Carvoeira, entre as razões do grande número de ausentes do lado operário figuravam, além das epidemias, “a fome permanente” e “a falta quase que total de roupas, de calças e de sapatos”. Para se reduzir o número de bocas a serem alimentadas, já que a fome era ameaçadora, Piatakov ordenou, em 24 de junho de 1921, que fossem expulsas das cidades mineiras todas as pessoas que não trabalhassem nas minas, pois elas representavam necessariamente um “peso morto”. Os cartões de racionamento foram retirados dos membros das famílias dos mineiros. As normas de racionamento foram estritamente alinhadas às performances individuais de cada mineiro, sendo introduzida uma forma primitiva de salário, por quantidade produzida.”

O livro negro do comunismo, pag. 59.

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