A Medicina amordaçada
por Edmar Fernandes
Os últimos
anos têm sido difíceis para a Categoria Médica no estado do Ceará. Inúmeros
profissionais trabalhando na linha de frente durante a Pandemia sem receber
gratificação, faltando Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e com equipes
médicas reduzidas nos plantões sobrecarregando o trabalho destes profissionais.
Quando se iniciaram a imunização contra a COVID-19, a maioria dos médicos foram
impedidos de tomar a vacina porque o Governo do estado alegou que não era
prioridade, mesmo após inúmeras tentativas do Sindicato dos Médicos do Ceará em
reverter esta decisão. Como consequência, o número de óbitos dos profissionais
médicos, é alarmante. Cerca de 25% das mortes por COVID-19 dentre os
profissionais de saúde, são de Médicos e, apesar disso, o Governo do estado e a
Secretaria do Estado do Ceará (SESA) negaram priorizar a categoria médica na
vacinação ou valorizar o esforço dos Médicos nas emergências pagando a
gratificação devida.
Depois de
mais de uma década aguardando a implantação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários
(PCCS) dos servidores do estado, os Médicos servidores frustram-se após as
atualizações dos valores, pois muitos Médicos não notaram acréscimo e o
retroativo, tão aguardado, foi negado pelo Secretário de Saúde, mesmo após
várias reuniões com os representantes dos Médicos e o Sindicato dos Médicos de
Ceará, quando era tácito o indicativo de pagamento do retroativo. Vários Médicos
têm sido barrados em diversas unidades de saúde como o Hospital Waldemar Alcântara
(HWA) e Instituto Doutor José Frota (IJF) dentre outros, para poderem
acompanhar seus pacientes ferindo o Código de Ética Médica (CEM). É notório o
medo dos jovens médicos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e nos diversos
Postos de Saúde no estado em denunciar irregularidades como salários atrasados,
assédio, constrangimento, falta de insumos para o atendimento da população de
forma adequada, pois temem serem perseguidos e perderem os seus empregos.
O trabalho
médico é de liderança e aperfeiçoamento do ambiente que o cerca. São notórias as
críticas construtivas que emergem nos diversos serviços de saúde, público
quanto no privado capitaneado pelos colegas Médicos com o objetivo de melhor
atender a população e correção de injustiças que possam existir quanto aos
direitos da categoria. Nos últimos meses, vários ofícios foram encaminhados ao
CESAU solicitando detalhamento e justificativas de vários repasses e pagamentos
efetuados pelo Governo do estado, pois existem suspeitas de irregularidades
nestas transações. No meio de uma Pandemia com evidências de fraudes, é
importante o esclarecimento de todos os gastos, principalmente, os sem
licitação, pois significam vidas. Em vez de o Governo do estado se prontificar
em acatar os questionamentos, explicar os gastos e transações e parar com os
desvios de verbas injustificadas ou com indícios de corrupção, o Governador
Camilo Santana (PT) assinou um decreto que retira a cadeira do representante Médico
no Conselho Estadual de Saúde do Ceará (CESAU) de forma arbitrária e sem
discussão com a classe médica.
O Sindicato
dos Médicos do Ceará já solicitou reconsideração desta medida ao Governo do estado
e esperamos que, desta vez, os Médicos do estado do Ceará não sejam punidos por
exercerem sua cidadania dentro do nosso estado.
Fortaleza, 21.04.21
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