Fortaleza,
07.04.21
O banimento da Associação Médica Brasileira –
AMB e um breve histórico da Medicina Brasileiras nos últimos anos
A minha intenção de escrever este texto é recordar aos
médicos com mais de três anos de formação, e aos jovens médicos que não tiveram
conhecimento dos anos difíceis compreendidos entre 2013 a 2018, em especial, conhecerem
um pouco desta história atribulada que a classe médica, em nível nacional, vivenciou
e como ela encontrou forças para se unir e lutar contra um inimigo comum que
está se levantando dentro do mar do esquecimento: a esquerda liderada por
partidos políticos como o Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Comunista do
Brasil (PC do B), Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e Partido Democrático
Trabalhista (PDT) que agiram sobremaneira contra o REVALIDA, o ATO MÉDICO e,
atualmente, contra a AUTONOMIA MÉDICA e tantos outros direitos e atribuições
históricas da Classe Médica que foram massacradas por estes partidos quando no
poder. Neste texto, vou citar e relacionar a perseguição que os Médicos
sofreram depois da ascensão do PT e aliados comunistas ao poder e como a atuação
desta última gestão 21-23 presidida pelo Dr. César Fernandes-SP, francamente alinhado
com estes partidos esquerdistas, acima mencionados, envergonha a história da Entidade
e mancha a profissão Médica perante a sociedade quando são expostos na mídia,
posicionamentos execráveis da nova gestão que é contra a Autonomia Médica como
se representasse os Médicos Brasileiros.
A AMB já viveu momentos de glória em defesa da categoria médica
e do exercício de uma Medicina de qualidade para a população. Nas gestões
presididas pelo Dr. Florentino e Dr. Lincoln, acompanhei momentos desagradáveis
que a Medicina Brasileira sofreu e estes tiveram a coragem e discernimento para
trabalhar em favor dos Médicos Brasileiros e, consequentemente, de uma saúde de
qualidade para a nossa população. Estava à frente do Sindicato dos Médicos do
Ceará e pude participar dos bastidores desta guerra vivida pelos Médicos, que
assistiam sua profissão ser vilipendiada quando a esquerda estava no poder,
sempre apoiando e agindo em prol da categoria.
Em 2013, o governo do PT implantou o Programa Mais Médicos
(PMM) no Brasil, após uma série de atos contra o governo da Presidente Dilma (PT)
como passeatas e protestos que tomavam contas das ruas das cidades brasileiras.
Ele foi um dos grandes divisores de águas do apoio Médico ao governo, porque
feria diretamente a atuação médica de qualidade para a população. Utilizaram de
duas mentiras para justificar o projeto: levar Médicos aos locais de difícil
acesso à saúde, à população, e afirmavam que tinham poucos Médicos no país para
este intento. Por que as inverdades? Primeiro porque a maioria dos Médicos, e
quaisquer outros profissionais, preferem os grandes centros urbanos pelas
melhores condições de vida, possibilidade de crescimento profissional, centros
de estudos mais avançados o que não é encontrado nos rincões. Para isto, seria
necessário investimento em infraestrutura, contratos de trabalhos mais
atraentes e seguros como a proposta da Carreira Médica de Estado que está
engavetada por manobras dos deputados federais do PT como o ex-Ministro da
Saúde da Presidente Dilma, Alexandre Padilha. A proposta de Emenda à Constituição
para implantação da Carreira Única de Médico de Estado foi apresentada em 2009,
pelo então, Deputado Federal Ronaldo Caiado (DEM/GO) e era vista pelos Médicos
com uma solução exequível para a fixação dos profissionais nos locais de mais
difícil acesso à saúde em vez de formulações populistas e ideológicas que
prejudicam a qualidade do atendimento da população mais carente. A proposta
fixa um piso salarial para o Médico de Estado em todo o país, que deve
ingressar na carreira por meio de concurso público e atuar em regime de
dedicação exclusiva. Sobre a segunda invencionice: o Brasil tinha uma razão em
2013 de dois Médicos para cada 1000 habitantes (1) como, Japão, México, Coreia
do Sul, Canadá, o dobro da média ideal recomenda pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) que sugere no mínimo um para cada mil (2), mas o grande golpe
estava por vir.
Conseguiram disseminar a mentira da falta de Médicos e
tinham uma carta na manga: abertura emergencial de emprego aos Médicos de todo
o mundo para ajudar o povo brasileiro sem a revalidação do diploma que é um item
obrigatório para qualquer profissão que exija qualificação profissional
desenvolvida em centros universitários, de qualquer país do mundo incluindo o
nosso. Com a aprovação na Câmara de Deputados e Senado, na época já afogados
com os escândalos do mensalão (5) que garantiam a compra de votos do Executivo,
somente apareceram nos aeroportos brasileiros intercambistas cubanos
disfarçados de Médicos.
Nesta mesma ação, o governo Ptista decidiu abrir o número
de faculdades de Medicina por todo o Brasil sem critérios. Vários bons colegas Médicos,
foram formados nestas faculdades, mas esperava-se que fossem aperfeiçoadas as
já existentes como as Universidades Federais e as Estaduais. O que se viu foi a
utilização do Fundo do Financiamento Estudantil-FIES, que fora criado em 1976
com outro nome, para promover um maior aporte de pessoas com formação universitária
sem o devido preparo do Ensino Básico e Fundamental. No entanto, as boas
intensões foram travestidas de propagandas políticas de um governo que estava
falido na tentativa de demonstrar para a população que eram capazes de
aumentar, da noite para o dia, o número de Médicos em todo o Brasil a qualquer
custo. O despreparo e as más intenções do governo do PT já tinham deixado seu
lastro de destruição na Medicina Brasileira. O ônus fiscal do Fies em 2016
chegou a R$ 32 bilhões, valor 15 vezes superior de 2011(6).
Em 2011, criaram o Programa de Valorização do Profissional
da Atenção Básica (PROVAB) com intenção de estimular a presença dos Médicos em
locais de maior vulnerabilidade e extrema pobreza (7). Ao final de um ano de
trabalho, o Médico receberia pontuação adicional de 10% em provas para ingresso
em programas de residência que poderiam ser utilizados por até cinco anos (alguns
candidatos podem usar até 2023). A partir de 2015, começaram a aparecer os
problemas. Como havia cada vez mais médicos se formando, a busca por uma vaga
através do PROVAB começou a aumentar e o número de vagas era limitado.
Começaram a ter denúncias dos Médicos da falta de critérios para entrada no
programa. Ora, alguns entravam na justiça através dos Sindicatos ou com
advogados particulares para garantir o ingresso, ora, os que conseguiam as
vagas queriam os diretos garantidos de usufruir do benefício. O número de vagas
disponíveis caía, cada vez mais, e explodiu o número de queixas quanto ao
sistema adotado do PROVAB. Os poucos Médicos que conseguiam a vaga através do Programa,
já chegavam com a vantagem de 10% nas provas de residência. Os estudantes de Medicina
e os Médicos recém-formados estavam muito preocupados com o seu futuro, mas as
más notícias não paravam de aparecer.
Quando os intercambistas cubanos (sem o Revalida) chegaram
e ocuparam as vagas que seriam destinadas aos Médicos brasileiros no PMM,
principalmente, os recém-formados, muitos Médicos que estavam alheios a estes
problemas, acordaram e perceberam que não teriam emprego se não lutassem pelos
seus direitos. Gradativamente, os Médicos entendiam a necessidade de se unir às
Entidades Médicas, aos deputados federais para não permitirem que os desmandos
da Presidente Dilma continuassem a ferir a dignidade médica. Não foi possível
contar com a maioria dos deputados federais que votaram a favor do PMM
aceitando a vinda de intercambista sem a Revalidação Médica. Notem que toda abertura
de novas frentes de trabalho para os Médicos Brasileiros e para os que fazem o Revalida
(maioria são brasileiros também) são bem-vindos.
O PMM que a princípio serviria para alocar Médicos nos
lugares ermos, foi amplamente utilizado pelos prefeitos de inúmeras cidades (senão,
todas) para economizarem com os Médicos contratados da cidade (8). Desta forma,
na maioria destas cidades, os Médicos que já atuavam na atenção básica, há
anos, foram demitidos para serem contratados os novos profissionais pagos pelo
Governo Federal e, também, os intercambistas cubanos que recebiam 30% do valor
pago das bolsas e 70% era enviado à ditadura cubana. Estima-se que foram expatriados
mais de cinco bilhões de reais para a ilha do Ditador Comunista Fidel Castro.
Estes intercambistas viviam como escravos já que seguiam as leis cubanas em
território brasileiro, não tinham livre trânsito no nosso país (por
determinação do seu governo) além de ser confiscado boa parte do seu dinheiro
como supracitado. Tantos absurdos, tantas injustiças com os cansados Médicos
Brasileiros, mas ainda tem mais!
Tentaram ampliar o tempo da formação médica de seis para
oito anos e, pasmem, os dois últimos anos seriam uma residência médica
obrigatória do SUS (9). O PMM pretendia ampliar, repentinamente, o número de
residências médicas sem a busca pela qualidade. O CFM e a AMB e toda a classe
médica sabiam, já em 2013, que somente 50% dos egressos das faculdades de
Medicina conseguiam uma vaga na residência, mas das 12 mil vagas que eram
ofertadas na época, meramente, 9 mil vagas eram preenchidas o que demonstrava
que a questão era a necessidade de valorização de algumas áreas. Era intento
ampliar a oferta de vagas de todas as especialidades mesmo sem os critérios
mínimos como estruturas adequadas, Médicos capacitados e disponíveis para serem
preceptores de um número colossal de residentes que emergiriam. Todos sabem das
dificuldades apresentadas nas residências médicas em todo o Brasil: bolsas com
remunerações indignas, estruturas sucateadas, falta de insumos para a
realização de cirurgias, exames e tratamentos, falta de preceptores para o
acompanhamento dos residentes e a carga horária excessiva sobrecarregando os
Médicos residentes. Até os internos de Medicina são prejudicados por estas
dificuldades. Agora, imaginem se tivessem quadruplicado o número de vagas para
a residência sem um preparo adequado que requereria anos. Obviamente, a maioria
significativa das especialidades médicas se levantaram contra estas
improbidades e conseguiram derrubar esta proposta. A persistência do governo em
adotar tais medidas demonstrando improviso para gerir a Saúde Brasileira foram
o estopim para passeatas, reuniões e a grande insatisfação da Classe Médica. No
entanto, a insensibilidade do governo Ptista com a causa médica não se
restringiu a estas medidas e conseguiu criar uma grande ferida na Dignidade
Médica pior ainda.
A Medicina apesar de ser milenar, ela não era regulamentada
até 2013 no Brasil. Em 2002, iniciou o processo de elaboração da Lei do Ato
Médico. Foram 11 anos de tramitação, 27 audiências públicas e centenas de
reuniões. O documento aprovado no Senado em 18/06/13 em nada mudava do texto
aprovado na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) em 2006 com a participação de Entidades
Médicas e de outras profissões, mas quando estava para ser sancionada pela
então, Presidente Dilma, outras Entidades profissionais começaram a questionar
o Ato Médico de forma traiçoeira. Estas outras categorias da saúde queriam dar
diagnósticos de doenças que eram exclusividades dos Médicos.
O Ministro da Saúde, na época, Alexandre Padilha, Médico,
fora consultado pela Senadora Lúcia Vânia por duas vezes: em dezembro de 2012
na CAS e no plenário do Senado em junho/2013 e não fez nenhuma oposição ou
sugestão de modificação. O ministro foi negligente ou, pelo menos, omisso já
que não se preocupou em entender o Projeto de Lei (PL) e deixar seguir a
tramitação.
O comitê de Entidades Médicas que acompanhava este processo
como a AMB, Conselho Federal de Medicina (CFM), Federação Nacional dos Médicos (FENAM),
Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR) observou que a Presidente utilizou
três dias para avaliar e sancionar o projeto sem os Médicos serem ouvidos. Vários
vetos da Presidente feriram todo um trabalho construído para a regulamentação
devida do trabalho médico. Mais uma vez, os Médicos eram menosprezados, mesmo
após tanta labuta e responsabilidade em tratar os seus pacientes ao longo de
toda a sua história. Os vetos da Lei do Ato Médico aliado a importação de “Médicos”
sem a revalidação dos diplomas deixavam claro que a Presidente Dilma Rousseff e
o Ministro Alexandre Padilha (PT), pretendiam que os brasileiros enfermos, no
SUS, fossem atendidos por qualquer pessoa sem a devida qualificação desprezando
os Médicos Brasileiros. Restava que o Congresso Nacional derrubasse os vetos, o
que não aconteceu apesar das caravanas de Médicos de todo o Brasil,
principalmente, do Ceará, para pressionar os deputados federais e senadores.
Infelizmente, a Medicina Brasileira não tem uma bancada política. Posteriormente,
foi iniciada uma campanha para a criação de uma Frente Parlamentar da Medicina
com o intuito de termos representantes políticos que defendessem a nossa causa.
Os protestos ficavam cada vez mais calorosos e uma grande união foi
estabelecida entre os Médicos e os estudantes de Medicina, que já participavam
dos atos de repulsa, contra o Governo Federal. Foi uma grande traição sofrida
pela classe médica, mas o Governo do PT e aliados ainda podiam piorar a nossa
situação.
Em 2020, o mundo foi acometido por uma grave doença que
ceifou a vida de muitas pessoas e de muitos colegas médicos: COVID-19
ocasionado pelo SARS-CoV-2. Estima-se que 25% dos contaminados com o Coronavírus
são profissionais da saúde (13). Já em maio de 2020, 113 Médicos tinham
falecido por esta causa desde o primeiro óbito registrado no dia 17 de março do
mesmo ano, quase dois profissionais por dia (10). Em 8 de fevereiro de 2021, 624
Médicos falecidos era o que mostrava um memorial desenvolvido pelo CFM em
homenagem aos colegas que padeceram até então (11). Nenhum antiviral conseguia
curar ou amenizar os efeitos da doença. Começaram a discutir protocolos em todo
o mundo para tentar controlar esta doença. Ensaios clínicos começavam a
utilizar os mais diversos medicamentos já existentes para tentar conter a
virulência. Uma das estratégias era testar drogas já aprovadas pela ANVISA e
FDA, dos Estados Unidos, que já passaram por séries de testes rigorosos que justificassem
utilizar as drogas em seres humanos. Um estudo francês apresentou alguns
achados quando se utilizava a Hidroxicloroquina ou a Hidroxicloroquina
associado à Azitromicina para o tratamento da COVID-19 (14). A partir daí
diversos trabalhos em todo o mundo, utilizaram estas drogas para avaliar a sua
eficácia. No Ceará, O Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos
(NPDM) desenvolveu uma proposta de protocolo para tratamento da COVID-19. As
diretrizes foram enviadas, primeiramente, ao Sindicato dos Médicos do Ceará em
13.05.2020. Por sua vez, o Sindicato dos Médicos do Ceará encaminhou para a apreciação
das autoridades competentes, como o Conselho Regional de Medicina do Ceará
(CREMEC-CE), a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (SESA), a Secretaria
Municipal de Saúde de Fortaleza (SMS) e o Ministério da Saúde (MS). Neste
estudo, assinado por grandes cientistas, Médicos e Infectologistas sugeria um
protocolo com Hidroxicloroquina, Azitromicina, Ivermectina, Sulfato de Zinco e tecendo
considerações sobre o uso Corticoides e Anticoagulantes em algumas fases da
doença (15).
Muitos Médicos Brasileiros, adotaram a medicação nos
primeiros dias dos sintomas da doença na tentativa de diminuir a progressão da
doença para a forma grave já que não se dispunha de qualquer tratamento. Por
outro lado, outros colegas Médicos não se sentiam à vontade de utilizar as
mesmas medicações e, até hoje, não a prescrevem - isto é denominado Autonomia
Médica e é defendido pela maioria esmagadora da Categoria Médica. Também é
defendido pelos Médicos a Autonomia do paciente de decidir se irá ou não seguir
a prescrição médica. Este posicionamento tem sido defendido pelo CFM de forma
exemplar, cito algumas declarações da nossa Entidade Médica maior: “O ponto
fundamental que embasa o posicionamento do CFM é o respeito absoluto à
autonomia do Médico na ponta de tratar, como julgar mais conveniente, seu
paciente; assim como a autonomia do paciente de querer ou não, ser tratado pela
forma proposta pelo Médico assistente” e conclui com a seguinte afirmação em um
artigo publicado no dia 27.01.21: “Deve ser lembrado que a autonomia do Médico
e do paciente são garantias constitucionais, invioláveis, que não podem ser
desrespeitadas no caso de doença sem tratamento farmacológico reconhecido - como
é o caso da COVID-19 -, tendo respaldo na Declaração Universal dos Direitos do
Homem, além do reconhecimento pelas competências legais do CFM, que permite o
uso de medicações “off label” (fora da bula)” (16). No Parecer nº 4/2020 o de
abril do ano passado o CFM já explicava que a Cloroquina e a Hidroxicloroquina
poderiam ser usados com parcimônia, em caráter temporário, desde que não se
apresentassem outros tratamentos mais eficazes respeitando a Autonomia Médica e
na valorização da relação Médico-Paciente com o objetivo de oferecer ao doente
o melhor tratamento médico disponível no momento, não cometendo infração ética
o Médico que utilizar Cloroquina e Hidroxicloroquina nos termos referidos no
parecer referido.
Por sua vez, a AMB, presidida pelo Dr. César Fernandes,
divulgou uma nota na contramão da Medicina Brasileira, contra o posicionamento
de várias Entidades, passando o constrangimento de ser desmentida publicamente
(17). No dia 19.01.21 ela já utilizava palavras de cunho popular e pejorativo
como “negacionista” referindo aos Médicos que estivessem a usar os medicamentos
do chamado tratamento precoce e, ainda, sugerindo que os Médicos poderiam ser
contra outras formas de prevenção como a vacinação. Neste momento, percebeu-se
que o linguajar indevido que esta Entidade estava utilizando era o mesmo dos
partidos políticos que fazem oposição sumária contra o Presidente da República
como o PT, PSOL, PSDB, PC do B e PDT. O alinhamento da atual AMB com a esquerda
fere toda a luta da Classe Médica nestes últimos anos colocando a política
acima dos preceitos éticos.
Ainda não satisfeita, a AMB emite o boletim 02/21 em 23 de
março de 2021 (18) que causou repulsa da Classe Médica e foi utilizada
exaustivamente por mídias como O Globo e Jornal Nacional para atacar a Classe Médica,
em especial, em dois quesitos, 7 e 8, que ferem a Autonomia Médica, segue os
dois artigos: “7. Reafirmamos que, infelizmente, medicações como Hidroxicloroquina/Cloroquina,
Ivermectina, Nitazoxanida, Azitromicina e Colchicina, entre outras drogas, não
possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção
da COVID-19, quer seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas desta
doença, sendo que, portanto, a utilização destes fármacos deve ser banida; 8.
Aos Médicos, reafirmamos que o uso de Corticoides e Anticoagulantes devem ser
reservados, exclusivamente, para pacientes hospitalizados e que precisem de
oxigênio suplementar, não devendo ser prescritos na COVID-19 leve, conforme
diversas diretrizes científicas nacionais e internacionais. Aos pacientes com
suspeita ou com COVID-19 confirmada, alertamos que não se automediquem, em
especial, não utilizem Corticoides (Dexametasona, Prednisona e outros); estes
fármacos utilizados fora do período correto, especialmente, no início dos
sintomas, podem piorar a evolução da doença. Procure atendimento médico em uma
Unidade Básica de Saúde dando preferência, se possível, à telemedicina, se
apresentar sintomas leves, como dor de garganta, tosse, dor no corpo, náuseas,
perda de apetite, perda do olfato ou paladar. Porém, se apresentar
manifestações clínicas que podem representar COVID grave, respiração rápida
(mais que 30 movimentos respiratórios por minuto), saturação de oxigênio menor
que 94% ou febre persistente por 3 dias ou mais, procure uma UPA (Unidade de
Pronto Atendimento) ou Serviço de Emergência”.
Imediatamente, diversas Entidades Médicas vieram a público
para criticar e repudiar o boletim da AMB, principalmente, sobre o pedido de
banimento de medicamentos relacionados ao tratamento precoce e o item que
condena a prescrição de Corticoides e Anticoagulantes em casos leves da doença.
A AMB que é formada por 27 Associações Federadas e 55 Sociedades de Especialidades,
irresponsavelmente, inseriu o nome de todas as Instituições como se tivessem
anuência do conteúdo do documento de todas elas. Abaixo, o posicionamento de
algumas das Entidades contra o referido boletim:
A Associação Médica de Minas Gerais (AMMG) veio a público
do CFM em defesa da Autonomia Médica (19).
A SBOT - Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia
veio a público reafirmar seu apoio irrestrito às resoluções do Conselho Federal
de Medicina que garantem ao médico o direito à prescrição (20).
A Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e a Associação
Médica de Brasília (AMBr) membros do CEM COVID_AMB não concorda com os itens 7
e 8 do boletim 02/2021 emitido pelo comitê.
A Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) comunicou
aos seus associados seu afastamento do Comitê Extraordinário de Monitoramento COVID-19
(CEM COVID_AMB) em “virtude da extemporaneidade de algumas proposições que
conflitam como os princípios propostos da SBA”.
A Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia
Cérvico-facial (ABORLCCF) pediu para retirar o apoio da Associação ao boletim.
A Associação Médica do Rio Grande do Norte (AMRN) referiu
que não concordava com os itens 7 e 8 e pediu para retirar o apoio ao boletim.
A Associação Médica de Goiás - AMG pediu para retirar o
apoio ao boletim e solicitou que ao proceder a divulgação do nome da Associação
que fosse antes consultada.
ANADEM (Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética)
demonstrou apoio ao CFM e apoio irrestrito à Autonomia Médica contrária ao
conteúdo do boletim.
A Associação Brasileira de Cirurgia Pediátrica (CIPE)
discorda dos itens 7 por politizar a discussão sem necessidade e o item 8,
também, polêmico. Explicou os bastidores da confecção do documento: “Quando o
assunto ainda estava em debate, a nota original foi divulgada, sem as
alterações sugeridas, junto à imprensa com a assinatura da CIPE e de outras
sociedades de especialidade e federadas da AMB que não concordaram com o teor
da nota (...). Logo em seguida, a AMB publicou em seu Site a nota oficial, com o mesmo conteúdo, apenas sem as
assinaturas das Entidades que não aprovaram o documento, e das federadas, a
única que aprovou foi a Associação Paulista de Medicina. O documento foi
publicado no Site da AMB com 16
assinaturas, das quais duas eram da própria AMB, uma da APM e apenas 13 das
sociedades de especialidade”.
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) demonstrou
insatisfação por não ter sido devidamente ouvida e pediu para retirar o apoio
ao boletim.
A Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT) refere
que nem chegou a ser consultada sobre o conteúdo do boletim. Cita o caso como
um “posicionamento equivocado tomado por uma minoria que não representa o entendimento
da maioria dos Médicos” (21).
Posteriormente, A AMB publicou uma nota em seu Site, porém, com assinatura de apenas 16
nomes, em vez de 80, inicialmente. No dia 25 março, em matéria do G1, explica o
motivo de ter aconselhado o banimento das medicações mesmo após as
manifestações de diversas Entidades Médicas e mente ao afirmar que “depois, os Médicos
descobriram que a Hidroxicloroquina e os outros remédios não funcionavam”
teriam parado de prescrever os medicamentos (22). No AMB na mídia, do dia 30 de
março, divulgou como se fosse um mérito para a gestão da AMB, uma matéria do
Fantástico que teria utilizado o boletim depreciativo 2/2021 para fazer uma
matéria chamada “Influencers do Crime” em vez de denunciar colocando a população
contra a Classe Médica (23).
As ações da gestão 21-23 da AMB presidida pelo Dr. César
Fernandes constrangem a categoria médica. Uma série de ações nocivas à
Dignidade Médica. Espero que o Presidente e a Diretoria da atual gestão evitem,
a partir de agora, tomar decisões de cunho político prejudicando e desonrando
todo o sacrifício e honradez da Classe Médica e passe a se pautar em ajudar a defender
os mais de 500 mil Médicos Brasileiros em todas as suas instâncias ao lado do
CFM, federadas, sociedades de especialidades e o Sindicato dos Médicos do Ceará.
Edmar Fernandes - Dermatologista
CRM 7577 RQE 5373
(3) Nota da
AMB mantendo o posicionamento https://amb.org.br/noticias/nota-de-esclarecimento-sobre-o-boletim-02-2021-do-comite-extraordinario-de-monitoramento-covid-19-cem-covid_amb/
(4) Boletim
23.03.21 https://amb.org.br/noticias/boletim-02-2021-comite-extraordinario-de-monitoramento-covid-19-cem-covid_amb/
(5) https://istoe.com.br/161884_MENSALAO+ABALA+GOVERNO+E+CUPULA+DO+PT/
(6) http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/rombo
(7) http://www.blog.saude.gov.br/servicos/31906-entenda-como-funciona-o-provab
(9) https://portal.cfm.org.br/images/PDF/contrarrazoesato%20medico.pdf
(11) https://pebmed.com.br/covid-19-brasil-ultrapassa-a-marca-de-cem-medicos-mortos-por-conta-do-virus/
(12) https://memorial.cfm.org.br/
(13)
(14) Gautret et al. (2020) Hydroxychloroquine and
azithromycin as a treatment of COVID‐19:
results of an open‐label
non‐randomized clinical trial.
International Journal of Antimicrobial Agents - In Press 17 March 2020 - DOI:
10.1016/j.ijantimicag.2020.105949
(16) https://portal.cfm.org.br/artigos/o-conselho-federal-de-medicina-e-a-covid-19/
(18) https://amb.org.br/wp-content/uploads/2021/03/boletim-cem-covid-amb-02-2021.pdf
(19) https://ammg.org.br/noticia/15710/
(20) https://sbot.org.br/nota-de-esclarecimento-aos-associados-da-sbot/
(21)
(23) https://amb.org.br/noticias/fantastico-globo-minuto-15013/
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