quinta-feira, 22 de abril de 2021

Isolou, e agora? Qual é o próximo passo?

                                                                             

Isolou, e agora? Qual é o próximo passo?

por Edmar Fernandes  

No enfrentamento de uma crise, como a pandemia da Covid-19, por exemplo, é necessário definir e seguir três fases para que haja o mínimo de perdas à população. A primeira fase é reconhecida pela identificação do problema, elaboração de planejamento para o enfrentamento, disponibilização de recursos para a execução do plano inicial e tem o objetivo de evitar mortes em curto (até um mês) e médio prazo (de 1 a 6 meses). A segunda fase caracteriza-se pela preparação para retomada das atividades sem causar prejuízo ao plano de enfrentamento inicial e tem objetivo de minimizar o sofrimento que a população tenha sofrido devido às medidas tomadas na primeira fase. Por fim, a última etapa é a volta da rotina da população, sem riscos de um retorno do problema posto.

A primeira fase está em andamento em todo o mundo. Foi amplamente divulgado para a população que medidas não farmacológicas seriam as únicas armas disponíveis para deter este vírus, como o distanciamento social, higienização das mãos e etiqueta respiratória. O isolamento horizontal, que é a exigência de todos os setores da sociedade permanecerem em casa, foi implantado na maioria dos Estados e dos Municípios para evitar o máximo de contato entre as pessoas e, assim, atrasar a disseminação do vírus.

Foi ampliado o número de enfermarias para isolamento, UTIs para os casos mais graves, hospitais de campanha para pacientes com suspeita ou confirmados com a Covid-19. Foi decretado Estado de Calamidade no Ceará e na maioria dos municípios cearenses. Para agilizar as ações do Poder Público, foi autorizado até a destinação de recursos para o controle da pandemia, sem licitações. O objetivo de evitar ou diminuir as mortes – ao máximo possível, em curto e médio prazos –, está sendo conseguido graças ao trabalho conjunto de todos; mas, e a segunda fase? Quem está discutindo ou se preparando para implantá-la?

É calculado, em uma perspectiva otimista, um acréscimo de 5% na taxa de desemprego no Brasil devido à implantação do isolamento social horizontal. Estima-se que, para cada 1% de acréscimo na taxa de desemprego, há um aumento da mortalidade de 0,78 para cada 100 mil habitantes. Portanto, se aumentar em 5%, haverá, aproximadamente, mais de 8 mil mortes por ano decorrentes da perda destes empregos formais. São mortes ocasionadas não pela ação direta do vírus na vida dos cidadãos, mas, sim, pela situação econômica destes.

Existem várias propostas para a execução da segunda fase. Algumas já em andamento em outros locais, menos no Ceará. O isolamento horizontal deve ser, gradativamente, mudado para isolamento vertical onde apenas o grupo de risco deva continuar em isolamento. Importante salientar que o processo deve decorrer de uma forma parcimoniosa para, caso haja súbito aumento de eventos adversos, que superem a capacidade dos leitos preparados para a doença na primeira fase, voltem às medidas restritivas de circulação.

Por fim, é necessário se debruçar sobre estes dados e entrar na próxima fase. Santa Catarina já permitiu a reabertura das lojas de rua desde o dia 13 de abril, respeitando algumas regras. Quando o Ceará e seus municípios passarão para a próxima fase? Quando o Governo Estadual e Prefeituras apresentarão um plano para a reabertura dos postos de trabalho e evitar o aumento da mortalidade devido o desemprego decorrente da quarentena imposta aos cidadãos cearenses?

 

Fortaleza, 23.04.20

 Texto publicado no site:    

https://www.sindicatodosmedicosdoceara.org.br/noticias/777-artigo-isolou-e-agora-qual-e-o-proximo-passo 

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