quinta-feira, 22 de abril de 2021

Estado Mínimo versus Pandemia – exemplo cearense

 

                                                                                       

Estado Mínimo versus Pandemia – exemplo cearense

por Edmar Fernandes

 

O debate do Estado Mínimo está acontecendo diuturnamente durante a Pandemia que assola o mundo desde 2020. Para evidenciar a minha afirmativa, preciso de uma breve explanação.

O Estado deveria interferir o mínimo, (daí Estado Mínimo) possível, nas ações de uma sociedade para que necessitasse de menos imposto e mais liberdade das pessoas físicas e jurídicas para o desenvolvimento de um país. Quanto mais empresas controladas pelo estado, as estatais, secretarias, comissões, ministérios, salários elevados de cabides de emprego como cargos comissionados, vereadores, deputados, senadores, mais gastos que o Estado tem e, como consequência, mais impostos. Desta forma, acredita-se que se o Estado não fosse tão pesado, ou seja, se não tivesse tantas responsabilidades que pesam no orçamento, poderiam ser cobrados impostos menores. Seria possível ter reduzido os impostos na Pandemia, para ajudar as pessoas e as empresas que não estavam conseguindo gerar renda, por exemplo.

No entanto, o Estado é utilizado para interferir em todos os aspectos na vida do pagador de impostos, (contribuinte) alegando que pode prover toda a assistência devida às pessoas como se soubesse o que cada indivíduo necessita. Sem contar, que cada governante tem seus devaneios com dinheiro público aumentando as despesas do Estado, cito alguns exemplos: no último Diário Oficial do Município de Fortaleza, Decreto nº 14.901, publicado na véspera do então, Ano-Novo 2020, o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) programou 204 assessores para ficarem à disposição do Prefeito Sarto (PDT) no Paço Municipal; a montanha de concreto inacabada na Praia de Iracema que seria um Aquário, custou mais de R$ 130 milhões aos cofres públicos graças ao então, governador, Cid Gomes (PDT); mais de 100 milhões de reais gastos em uma tenda temporária, ou hospital de campanha, armada no meio do Estádio Presidente Vargas(PV) que durou quatro meses em 2020 para receber alguns pacientes com a COVID-19. Com menos dinheiro foi construído o IJF 2 com, aproximadamente, 72 milhões de reais e a vantagem que sobrevirá mais de 100 leitos disponíveis, permanentemente, para os pacientes cearenses. Deve-se colocar na planilha de gastos do município de Fortaleza, para piorar, pelo menos, 2 milhões de reais para a reforma do PV. Ainda estamos aguardando uma CPI dos respiradores comprados pelo ex-prefeito Roberto Cláudio, que tem pretensões de ser candidato a governador em 2022, que não foram entregues e nem o dinheiro devolvido algo em torno de 17 milhões de reais.

Como o Estado pode dar conta de tantas responsabilidades? Aumentando ou criando impostos. Até a água é taxada, só falta estocar o vento(!). No Decreto 33.920 de 03 de fevereiro de 2021 do governo do estado do Ceará, Camilo Santana (PT) cobra o uso da água mesmo que seja da captação privada de açudes, lagoas e poços profundos em casa, condomínio, sítio, fazenda ou empresa. Além do mais, ainda é implantado uma correção da inflação da taxa do uso da água do período compreendido entre março de 2019 e agosto de 2020, resultando no percentual de 4,18%. O Ceará é o único estado do Nordeste a cobrar ICMS pelo “uso de fios” para quem produz sua própria energia através do sol. Outro exemplo: os servidores estaduais tiveram um prejuízo dos seus rendimentos quando o Governador Camilo Santana aumentou de 11 para 14% o desconto para a Previdência, porque o próprio governo não foi capaz de investir o dinheiro da categoria para sua aposentadoria e o Prefeito Sarto (PDT) caminha para altear, da mesma forma, a taxa de contribuição dos servidores municipais que não têm culpa do rombo previdenciário, mas é quem irá pagar a conta. Quando se cria um imposto, não há a preocupação de diminuir outro, apenas, aumenta toda a carga tributária.

A maioria dos pagadores de impostos espera receber do Estado tudo o que um ser humano precisa para viver: casa, limpeza das ruas, segurança, educação, emprego, lazer, saúde e espera que o prefeito ou governador, que ajudaram a eleger, tenham idoneidade e competência administrativa para executá-lo. Segundo pesquisas, a saúde sempre foi a principal preocupação do povo cearense e eles não estavam enganados. 90% dos cearenses necessitam do Sistema Único de Saúde (SUS) para serem atendidos durante a pandemia, mas, com péssimos gestores, o Ceará é um dos estados onde mais morreram pessoas por milhão de habitantes por causa da COVID-19.

O Estado está precisando abrir leitos de enfermaria e UTI, comprar respiradores, luvas, máscaras, medicamentos como nunca, contratar mais profissionais, pagar gratificação Covid para estes, mas os bilhões que foram gastos irresponsavelmente, esvaziaram o cofre. Solicitou ajuda do Governo Federal e recebeu bilhões destinados a salvar pessoas da Pandemia. A Procuradoria Geral da União (PGR) pediu informações, sobre como foi utilizado o dinheiro enviado da União e, até agora, o estado do Ceará não enviou os esclarecimentos devidos. Quer dizer, um estado pesado, mas pobre e precisando aumentar os impostos para cobrir os custos e pedir dinheiro, (algumas vezes ao BID-Banco Interamericano de Desenvolvimento com juros - em outro artigo discorrerei sobre estes empréstimos) mas se você acha que já está muito ruim, o pior está por vir.

Determinaram o isolamento social rígido, lockdown, para que tentassem evitar a propagação do vírus e para dar tempo de readequar o sistema de saúde precário do estado em 2020. Em meses, pré-pandemia, já existia uma fila de 150 pessoas em média, aguardando vaga para um leito de UTI no estado do Ceará. O sistema de saúde já estava colapsado com mais de 400 pessoas internadas nos corredores dos hospitais. Parou a economia. Nunca o estado do Ceará teve sua economia suspensa. Não poderia dar certo; e não deu. Até junho de 2020, 15 mil micros e pequenas empresas encerraram as suas atividades definitivamente. Milhares, arrimos de família, sem terem como suprir o sustento da casa com as mãos na cabeça. Esperava-se que o governo do estado fosse suspender ou, pelo menos, diminuir o valor da cobrança dos impostos como, ICMS, IPVA, ITCMD (os impostos estaduais representam 28% das arrecadações de todo o país). Da mesma forma, era aguardado que os impostos municipais, IPTU, ISS, ITBI fossem reduzidos ou cancelados, pelo menos, em 2020 na capital cearense, assim como nos demais 183 municípios cearenses. No entanto, nenhuma destas benesses foram ofertadas para a população desempregada ou para as empresas que começavam a fechar as suas portas.

Começaram a diminuir os casos de pacientes buscando as emergências por COVID no final de junho e começaram a sonhar em retomar as atividades econômicas. Rezava o bom senso que o governo do estado e as prefeituras mantivessem os leitos de enfermaria e UTI criados, equipes de saúde formadas, para melhor atender a população e se preparar para futuras crises de saúde como esta. No entanto, começaram a fechar os leitos, a segunda onda veio em 2021 com força total e a população descobriu, com amargor nos olhos, que o estado tinha fechado a maioria dos leitos, despedidos inúmeros profissionais de saúde e não tinha feito provisões para uma nova tribulação.

Dos 20 mil bares e restaurantes do Ceará, até janeiro de 2021, 8 mil tinham fechados as portas desde o início da Pandemia e em fevereiro já era esperado, com as medidas de encerramento do comércio, que o total de bares e restaurantes afetados chegasse a 50%, por volta de 10 mil. Nenhuma destas empresas receberam ajuda do governo. Mais cearenses desempregados vendo o governador receber seu salário em dia, mandando todos ficarem em casa sem um plano para ajudar o povo. Pior, começaria tudo de novo. Novo lockdown foi de novo o remédio amargo fornecido pelo Estado. Desta vez, ficou evidente: novo lockdown é sinônimo de má gestão da saúde pública e exemplo de evidência deletéria do Estado na vida das pessoas e empresas.

O melhor benefício financeiro que um governo pode oferecer aos cidadãos é a geração de empregos e, para isto, é necessário reduzir o papel do Estado que interfere em todos os aspectos da vida dos pagadores de impostos, tirando até sua liberdade de ir e vir e de se expressar, e que cobra altas taxas de encargos, mas não oferta serviços de qualidade. Os impostos e a burocracia precisam abrandar para que as empresas, principalmente, as micro e pequenas empresas, que são responsáveis por cerca de 60-80% dos empregos formais de todo o país, possam continuar funcionando e prosperando para poderem empregar milhares de brasileiros e ajudar na produtividade da nossa Nação. Em uma crise como esta, as pessoas precisam de trabalho para manter o sustento das suas famílias. O Estado pede para todos pararem de trabalhar, mas o mesmo Estado não para de pedir dinheiro através dos impostos. Não tem como dar certo!

Fortaleza, 14.04.21

(1)   (1)  https://www.poder360.com.br/coronavirus/pgr-pede-informacoes-a-todos-os-governadores-sobre-hospitais-de-campanha/

 

 

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